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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pesquisas de Paixão Cortes preservaram tradições gaúchas


Cortes conciliou trabalho de agrônomo com o de pesquisador de folclore. Grupo ia atrás de idosos que revelassem modo antigo de vida dos gaúchos.


As músicas, danças e outras tradições preservadas nos CTGs eram praticamente desconhecidas quando o movimento se iniciou.


A recuperação delas foi trabalho de pouca gente e, nele, Paixão Cortes teve um destaque especial. Conciliando seu trabalho de agrônomo com o de pesquisador de folclore, ele saiu pelo interior do Rio Grande do Sul atrás de pessoas idosas que lhe revelassem o modo antigo de vida dos gaúchos.


Com o CTG 35 em funcionamento, Paixão e outros colegas foram participar de uma festa de gaúchos no Uruguai. Viram apresentação de danças e músicas, comida típica, vestuário, tudo próprio da região.


Ficaram mordidos. Começaram, então, uma busca da cultura de raiz do povo gaúcho, uma empreitada particular sem apoio de governo ou patrocínio comercial. “Fomos chegando em cada cidade, conversando sempre com pessoas antigas, de 70, 80 e 90 anos, e fomos anotando e registrando todos seus elementos”, diz Paixão. Nos primeiros anos, só contavam com um caderninho de notas.


Depois, chegaram gravadores primitivos. No primeiro deles, a fita era de papel. Qualquer pequeno choque ou esbarrão, o papel rasgava. Depois vieram os gravadores de rolo e as fitas magnéticas. De qualquer forma, havia gravação só do som. Os passos da dança, a coreografia e os movimentos, isso tinha de ser retido na memória. Quando chegou o filme Super-8, foi um avanço enorme.


Os gravadores comuns registravam o som, e a gravadora Super-8 retinha os movimentos. A primeira dança que Paixão gravou foi a do pezinho, que, para ele, foi um, sinal de que muita coisa melhor viria.


O entusiasmo dobrou. Normalmente, Paixão veste roupa comum e até se incomoda com pessoas que exageram no tradicionalismo. Mas hoje ele tem um compromisso e precisa estar de bombacha. Mariana, sua mulher, e figurinista de roupas gaúchas femininas, o ajuda. Logo ele recomeça a história da sua "garimpagem" das coisas antigas do gaúcho.


A maioria das danças junta homem e mulher. Mas algumas, como a do facão, são só masculinas. Homem dançando com homem em um ambiente que alguns até acusam de machismo. De onde vem isso? “Os tropeiros não tinham seguimento do acompanhamento feminino. Eram só homens que saíam do Uruguai, passavam pelo litoral do Rio Grande do Sul e iam até Sorocaba.


Nesses acampamentos, entre 1700 e 1820, dançavam os tropeiros sozinhos. Então são danças só masculinas”, diz Paixão. Paixão sempre contou, em suas pesquisas, com a participação do jornalista e escritor Barbosa Lessa, já falecido.


Em função da pesquisa de folclore, qur realizava junto com seu trabalho de especialista em ovelhas da Secretaria da Agricultura, Paixão escreveu mais de 60 livros, fez discos, CDs e DVDs. Para guardar esse material, as salas de sua casa já estão repletas. Alugou recentemente um apartamento, com vários cômodos, só para isso, mas ainda está faltando espaço.


Eles pesquisavam diversos aspectos “da alma e do sentimento” do povo gaúcho. Nos intervalos da pesquisa e do trabalho como agrônomo, Paixão cantou e sapateou.


Quando o assunto é gaúcho, Paixão é quase sempre chamado como consultor. Foi assim no filme "Um Certo Capitão Rodrigo", de Anselmo Duarte. O filme é sobre um tema de Érico Veríssimo, e se passa nas primeiras décadas de 1800.


No original do livro, os gaúchos apareciam de bombacha e, em várias cenas, havia presença da gaita, da sanfona. No filme, isso é corrigido. Não havia nenhuma das duas, nesse tempo, no Rio Grande do Sul. “A bombacha só chega, exatamente, na Guerra do Paraguai.


Até então, era desconhecido na América, tanto dos uruguaios como dos argentinos”, explica. A bombacha, esse tipo de calço usado pelos gaúchos, é de origem árabe e era usada na Europa como roupa militar. Na Guerra do Paraguai, um excedente de bombachas da França foi repassado aos países da Tríplice Aliança – Argentina, Brasil e Uruguai. E por aqui ficou.


O próprio Paixão aparece no filme, fazendo o papel de pai da mocinha. O resgate da cultura campeira do Rio Grande do Sul, no embalo das pesquisas de Paixão Cortes e Barbosa Lessa, forneceu material para os CTGs funcionarem. Se, na inauguração do 35, não se conhecia nenhuma dança típica do Rio Grande do Sul, quando Paixão e Lessa fazem, em 1956, o "Manual de Danças Gaúchas", elas já eram 22.


São atualmente mais de cem, com outras - quase uma dezena - já coletadas, mas ainda não descritas e harmonizadas. Uma riqueza artística sem comparação no Brasil, mas que qualquer Estado, em certa proporção, pode também descobrir, se houver alguém para ir atrás da cultura antiga de seu povo com tanta paixão.


http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/04/pesquisas-de-paixao-cortes-preservaram-tradicoes-gauchas.html

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Hino Riograndense



Autor
Joaquim José Mendanha


Interpretação por
Wilson Paim

Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.

Estribilho:
Mostremos valor, constância,
nesta ímpia e injusta guerra,
sirvam nossas façanhas
de modelo a toda terra.

Entre nós revive Atenas
para assombro dos tiranos;
sejamos gregos na glória
e na virtude, romanos.

Mas não basta p'ra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo,
povo que não tem virtude
acaba por ser escravo.