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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Natal Galponeiro



Autoria: Jayme Caetano Braun


A cuia do chimarrão,
É o cálice do ritual,
E o galpão é a Catedral
Maior da terra pampeana,
Que de luzes se engalana,
Para esperar o NATAL.

A cuia aquece na palma
Da mão da indiada campeira,
Dentro da sua maneira,
Rezando e chairando a alma,
Para recuperar a calma,
Que fugiu do mundo inteiro.
Enquanto o estrelão viajeiro,
Já vem rasgando caminho,
para anunciar o "Piazinho",
A Virgem e o Carpinteiro.

Em nome do Pai,
- Do Filho e do Espírito Santo,
É o chimarrão que levanto,
E o vento faz estribilho,
A prece do andarilho,
Ao Piazito Salvador,
Filho de Nosso Senhor,
Do Espírito e do Pai,
De volta a terra aonde vai,
Falar de novo em amor!

Tem sido assim - dois mil anos,
Ninguém sabe - mais ou menos,
Vem conviver com os pequenos,
De todos os meridianos,
E repetir aos humanos,
As preces de bem querer.
Quem sabe até - pode ser,
Que um dia seja atendido,
E o mundo velho perdido,
Encontre paz para viver.

Ele sabe da apertura,
Em que vive o pobrerio,
A fome - a miséria - o frio,
Porque passa a criatura,
Mas que - inda restam - ternura,
Amizade e esperança,
É que pode, a cada andança,
Mesmo nos ranchos sem pão,
Aliviar o coração,
Num sorriso de criança!

Pra mim - que ouvi na missões,
Causos de campo e rodeio,
Do "Negro do Pastoreio",
Cruzando pelos rincões,
Das lendas de assombrações,
E cobras queimando luz.
Foste - Menino Jesus,
O meu sinuelo de fé,
Juntando ao índio Sepé,
O Nazareno da Cruz!

E a Santa Virgem Maria,
Madrinha dos que não tem,
Fez parte - sempre - também,
Da minha filosofia,
Eu que fiz de Sacristia,
Os ranchos de chão batido,
E que hoje - encanecido,
Sou sempre o mesmo guri,
A bendizer por aí,
O pago que fui parido!

E o Nazareno que vem,
Das bandas de Nazaré,
Chasque divino da fé,
Rastreando a luz de Belém,
Ele que vai morrer também,
Pra cumprir as profecias.
É Natal - nasce o MESSIAS,
Salve o Menino Jesus!
Mas o que fogem da luz,
O matam todos os dias.

Presentes - "Papais Noéis",
Um ano esperando um dia,
Quando a grande maioria,
Sofre destinos cruéis.
O amor pesado a "mil-réis",
E mortos vivos que andam,
Instituições que desandam,
Porque esqueceram JESUS,
O que precisa, é mais luz,
No coração dos que mandam!

Que os anjos digam amém,
Para completar a prece,
Do gaúcho que conhece,
As manhas que o tigre tem.
Não jogo nenhum vintém,
Mesmo sendo carpeteiro,
Mas rezo um Te-Déum campeiro,
Nessa Catedral selvagem,
Pra que faça Boa Viagem,
O enteado do Carpinteiro!

http://www.paginadogaucho.com.br

Natal Gaúcho



Nico Fagundes


Estamos vivendo já o clima do Natal, o que, aliás, quer dizer também clima de Ano-Novo. Em termos de folclore, é importantíssimo o chamado "ciclo natalino", que vai de 24 de dezembro (véspera de Natal) até 6 de janeiro (Dia de Reis).

O tradicional e autêntico Natal gaúcho, dentro desse ciclo, tinha presentes (dos pais para os filhos e dos padrinhos para os afilhados, só), terno de reis (não em todo o Rio Grande do Sul, mas em certas regiões bem delimitadas), tinha presépio, pinheirinho de Natal e a presença dos três reis magos que trouxeram os presentes para o menino Jesus. Tinha também no litoral gaúcho a dança da Jardineira e o Pau de Fitas, este último salvo do desaparecimento pelo tradicionalismo.

A professora Lílian Argentina, quando lecionava anonimamente em Tramandaí, já era uma pesquisadora de folclore, embora sem treinamento específico, o que só vai conseguir mais tarde na saudosa Escola Gaúcha de Folclore. Pois a professora Lílian descobriu no litoral gaúcho informantes sobre o Pau de Fitas e a outrora famosa Jardineira (que se dançava no Alegrete no fim do século 19) e reconstituiu as duas com muita felicidade. As duas, não: tratava-se de um único conjunto coreográfico que começava com a Jardineira (às vezes chamada de Dança dos Arcos e também Dança das Flores) e terminava com o Pau de Fitas. E uma curiosidade: "as moças" do grupo de dança eram rapazes travestidos, muito "sérias" e "elegantes", que usavam máscaras femininas para disfarçar barba ou bigode... O Pau de Fitas reconstituído pela professora Lílian era praticamente o mesmo que Paixão Côrtes e Barbosa Lessa recolheram na serra e espalharam pelo tradicionalismo gaúcho, mas tinha duas diferenças: só era dançado no ciclo natalino, e as moças eram alunas da professora Lílian (não mais rapazes, como no folclore autêntico), mas moças que usavam máscaras femininas para fingir que eram rapazes travestidos... Aí ela me convidou para que eu fosse lá para documentar tudo, e eu fui com duas alunas da Escola Gaúcha de Folclore, as professoras Marlene Nahas e Carmen Almeida de Melo Mattos.

Mas o Natal gaúcho mudou muito. Antes os presentes eram deixados pelos pais e pelos padrinhos (presentes simbolicamente trazidos pelos três reis magos) nos sapatinhos dos filhos ou afilhados, colocados no lado de fora da casa no amanhecer do dia 6 de janeiro. Hoje os presentes são entregues por todo mundo na noite de 24 de dezembro, e já está para sempre entronizada via comércio a figura de um Papai Noel que nos chegou dos Estados Unidos, em trenó puxado por quatro renas e com traje feito para enfrentar a neve. Claro está que o Brasil, país tropical que vive o Natal no verão, não tem neve, nem trenó, nem renas... Mas, enfim, a força do comércio é tanta que nos empurrou isso tudo goela abaixo.

Mas o tradicionalismo resiste: o Papai Noel não entra em galpão de CTG, graças a Deus.

Vamos, então, dar presentes para os nossos filhos e afilhados em nome dos três reis magos, que são a verdadeira tradição gaúcha. Que os nossos CTGs, a cada ciclo natalino, montem nos seus galpões presépios e a árvore de Natal de tradição alemã, perfeitamente autêntica. Vamos receber os três reis magos e, nas regiões onde o terno de reis ainda é cultuado, recebê-lo com todas as honras de estilo, cantando do lado de fora até o "dono da casa" abrir a porta e acender a luz. E vamos também revalorizar os "Cantori dela Stella", os ternos de atiradores e outros que existem ainda nas regiões coloniais gaúchas.

É o que eu desejo para todos - feliz Natal e próspero Ano-Novo!

http://tradicionalismogaucho.arteblog.com.br/237881/Natal-Gaucho/
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Hino Riograndense



Autor
Joaquim José Mendanha


Interpretação por
Wilson Paim

Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.

Estribilho:
Mostremos valor, constância,
nesta ímpia e injusta guerra,
sirvam nossas façanhas
de modelo a toda terra.

Entre nós revive Atenas
para assombro dos tiranos;
sejamos gregos na glória
e na virtude, romanos.

Mas não basta p'ra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo,
povo que não tem virtude
acaba por ser escravo.